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Tipo: Romance
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Descrição
"ANTIGOS MESTRES" - Comédia
de Thomas Bernhard
Tradução e Prefácio de José A. Palma Caetano
1ª Edição de 2024
DOCUMENTA
214 Páginas
Por mais de trinta anos, Reger, um crítico musical octogenário, sentou-se no mesmo banco diante da pintura Homem de barba branca, de Tintoretto, no Museu de História da Arte de Viena. Ali ele reflete, dia sim, dia não, sobre a sociedade contemporânea, seus pares, a arte e os artistas, o clima e até o estado dos banheiros públicos.
O amigo Atzbacher, um filósofo bem mais jovem, é convocado a encontrá-lo no museu num sábado, dia sempre evitado pelo crítico. E é através do seu olhar que passamos a conhecer mais sobre Reger – a morte trágica de sua mulher, seus temidos pensamentos suicidas, a relação difícil com seu país e, por fim, qual o verdadeiro propósito daquele encontro.
Tão pessimista como exuberante, rancoroso e ao mesmo tempo hilariante – no melhor estilo de Thomas Bernhard –, o romance é composto de um único parágrafo que se estende por todo o livro e remonta uma série de conversas entre os dois amigos. Mestres Antigos foi publicado originalmente em 1985 e é um retrato satírico da cultura e da nação austríaca, discutindo questões como genialidade, classe e as aspirações da humanidade.
Como classificar esta narrativa? Em subtítulo, Thomas Bernhard chama-lhe Comédia. Será afinal a comédia da vida? Ou não será esta antes uma tragédia? Já no fim da obra, Bernhard fornece-nos talvez uma pista para reflexão: «Tanto que nós pensamos e que falamos e julgamos que somos competentes e na verdade não somos, essa é a comédia, e quando perguntamos, como é que vai ser agora? é a tragédia, meu caro Atzbacher.»
Bernhard é considerado hoje uma das figuras mais relevantes da literatura de língua alemã na segunda metade do século XX. Ainda há relativamente pouco tempo o famoso crítico alemão Marcel Reich-Ranicki dizia, num livro constituído por entrevistas sobre vários autores, o seguinte: «Se me perguntassem quais foram os três maiores talentos da literatura alemã, no domínio da prosa, depois de 1945 […] eu indicaria decerto três nomes: Wolfgang Koeppen, Günter Grass, Thomas Bernhard. São as três mais fortes energias épicas na nova prosa alemã. Considero, portanto, Thomas Bernhard um dos verdadeiramente grandes.»
José A. Palma Caetano
excerto de Antigos Mestres:
Julgamos que podemos passar sem as pessoas, julgamos até poder passar sem uma única pessoa e imaginamos também que só temos uma possibilidade de continuar a viver se estivermos a sós connosco, mas isso é uma ilusão. Sem outras pessoas não temos a mínima possibilidade de sobrevivência, disse Reger, podemos ter tomado por companheiros tantos grandes espíritos e tantos Antigos Mestres quanto possível, eles não substituem pessoa nenhuma, assim disse Reger, no fim são sobretudo esses chamados grandes espíritos e esses chamados Antigos Mestres que nos deixam sós e vemos que esses grandes espíritos e Antigos Mestres ainda por cima troçam de nós da maneira mais infame e verificamos que tivemos sempre com todos esses grandes espíritos e com todos esses Antigos Mestres apenas uma relação de troça e só com ela existimos.
---
Thomas Bernhard, um dos mais importantes romancistas e dramaturgos austríacos, nasceu em Fevereiro de 1931, em Heerlen, nos Países Baixos.
A sua mãe regressou a Viena em 1932, tendo confiado o filho aos avós. Foi assim que o autor de O Náufrago passou os primeiros anos em Seekirchen, nos arredores de Salzburgo, tendo tido uma relação feliz com o seu avô, o escritor Johannes Freumbichler.
Quando tinha sete anos, atingido já pela doença pulmonar que marcaria toda a sua vida, foi viver com a mãe para a Baviera, onde os seus avós se instalaram no ano seguinte.
Em 1942, frequentou um centro de educação nacional-socialista para crianças na Turíngia, onde sofreu graves humilhações. Em 1943, foi colocado num internato nazi em Salzburgo, aonde regressou após uma estada na Baviera.
Já depois da guerra, aos dezasseis anos, abandona os estudos liceais e emprega-se como aprendiz numa mercearia. Aí contrai uma grave pleurisia, que faz com que os médicos o considerem condenado. Abandona o hospital em 1951, mas, a partir daí, a sua vida é perturbada por operações aos pulmões e internamentos hospitalares. Após a morte do seu avô em 1949, Thomas Bernhard aproveita os períodos de internamento para escrever poesia.
Em 1950, encontra no sanatório Hedwig Stavianicek uma mulher trinta e cinco anos mais velha do que ele, que será até ao fim da vida sua companheira, apoio moral e financeiro e a primeira leitora dos seus livros.
Entre 1952 e 1954, colabora em jornais e publica os primeiros poemas, ao mesmo tempo que estuda no Conservatório de Música e Artes Dramáticas de Viena e no Mozarteum em Salzburgo (Bernhard tem uma excelente voz de barítono).
Frequenta a sociedade intelectual vienense, de que se tornará crítico impiedoso.
O êxito, em 1963, do primeiro romance, Geada, permite-lhe adquirir uma quinta em Ohlsdorf, na Alta Áustria. É nessa região que acaba por se fixar e onde escreve, embora viaje frequentemente para Portugal, Espanha, Itália, a Jugoslávia e a Turquia.
É ao longo destes anos que a sua prosa, caracterizada por longas frases, repetidas até à obsessão, como ecos variados de si próprias, de estilo polifónico, se vai definindo. É, em geral, composta por um monólogo ininterrupto, de uma personagem misantropa, que vai ajustando contas com a mediocridade, o modo de vida e as instituições da Áustria.
Entre 1975 e 1982, publica cinco volumes de pendor autobiográfico. Os seus principais romances surgem nos anos 80, como é o caso de O Sobrinho de Wittgenstein (1982), que retoma a sua experiência de internamentos hospitalares e a sua amizade com Paul Wittgenstein, e O Náufrago (1983), que aborda a vida e a morte de Glenn Gould e de Wertheimer.
Thomas Bernhard é também conhecido como dramaturgo. Ein Fest für Boris (1970), O Presidente (1975) e O Reformador (1979) causam escândalo. Um artigo sobre o teatro de Salzburgo fez com que lhe fosse movido um processo por difamação. Em 1968, o seu discurso ao receber um prémio do Estado austríaco para a literatura leva os representantes oficiais a abandonarem a sala.
Thomas Bernhard morreu em Fevereiro de 1989.
NOVO - PORTES GRÁTIS
de Thomas Bernhard
Tradução e Prefácio de José A. Palma Caetano
1ª Edição de 2024
DOCUMENTA
214 Páginas
Por mais de trinta anos, Reger, um crítico musical octogenário, sentou-se no mesmo banco diante da pintura Homem de barba branca, de Tintoretto, no Museu de História da Arte de Viena. Ali ele reflete, dia sim, dia não, sobre a sociedade contemporânea, seus pares, a arte e os artistas, o clima e até o estado dos banheiros públicos.
O amigo Atzbacher, um filósofo bem mais jovem, é convocado a encontrá-lo no museu num sábado, dia sempre evitado pelo crítico. E é através do seu olhar que passamos a conhecer mais sobre Reger – a morte trágica de sua mulher, seus temidos pensamentos suicidas, a relação difícil com seu país e, por fim, qual o verdadeiro propósito daquele encontro.
Tão pessimista como exuberante, rancoroso e ao mesmo tempo hilariante – no melhor estilo de Thomas Bernhard –, o romance é composto de um único parágrafo que se estende por todo o livro e remonta uma série de conversas entre os dois amigos. Mestres Antigos foi publicado originalmente em 1985 e é um retrato satírico da cultura e da nação austríaca, discutindo questões como genialidade, classe e as aspirações da humanidade.
Como classificar esta narrativa? Em subtítulo, Thomas Bernhard chama-lhe Comédia. Será afinal a comédia da vida? Ou não será esta antes uma tragédia? Já no fim da obra, Bernhard fornece-nos talvez uma pista para reflexão: «Tanto que nós pensamos e que falamos e julgamos que somos competentes e na verdade não somos, essa é a comédia, e quando perguntamos, como é que vai ser agora? é a tragédia, meu caro Atzbacher.»
Bernhard é considerado hoje uma das figuras mais relevantes da literatura de língua alemã na segunda metade do século XX. Ainda há relativamente pouco tempo o famoso crítico alemão Marcel Reich-Ranicki dizia, num livro constituído por entrevistas sobre vários autores, o seguinte: «Se me perguntassem quais foram os três maiores talentos da literatura alemã, no domínio da prosa, depois de 1945 […] eu indicaria decerto três nomes: Wolfgang Koeppen, Günter Grass, Thomas Bernhard. São as três mais fortes energias épicas na nova prosa alemã. Considero, portanto, Thomas Bernhard um dos verdadeiramente grandes.»
José A. Palma Caetano
excerto de Antigos Mestres:
Julgamos que podemos passar sem as pessoas, julgamos até poder passar sem uma única pessoa e imaginamos também que só temos uma possibilidade de continuar a viver se estivermos a sós connosco, mas isso é uma ilusão. Sem outras pessoas não temos a mínima possibilidade de sobrevivência, disse Reger, podemos ter tomado por companheiros tantos grandes espíritos e tantos Antigos Mestres quanto possível, eles não substituem pessoa nenhuma, assim disse Reger, no fim são sobretudo esses chamados grandes espíritos e esses chamados Antigos Mestres que nos deixam sós e vemos que esses grandes espíritos e Antigos Mestres ainda por cima troçam de nós da maneira mais infame e verificamos que tivemos sempre com todos esses grandes espíritos e com todos esses Antigos Mestres apenas uma relação de troça e só com ela existimos.
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Thomas Bernhard, um dos mais importantes romancistas e dramaturgos austríacos, nasceu em Fevereiro de 1931, em Heerlen, nos Países Baixos.
A sua mãe regressou a Viena em 1932, tendo confiado o filho aos avós. Foi assim que o autor de O Náufrago passou os primeiros anos em Seekirchen, nos arredores de Salzburgo, tendo tido uma relação feliz com o seu avô, o escritor Johannes Freumbichler.
Quando tinha sete anos, atingido já pela doença pulmonar que marcaria toda a sua vida, foi viver com a mãe para a Baviera, onde os seus avós se instalaram no ano seguinte.
Em 1942, frequentou um centro de educação nacional-socialista para crianças na Turíngia, onde sofreu graves humilhações. Em 1943, foi colocado num internato nazi em Salzburgo, aonde regressou após uma estada na Baviera.
Já depois da guerra, aos dezasseis anos, abandona os estudos liceais e emprega-se como aprendiz numa mercearia. Aí contrai uma grave pleurisia, que faz com que os médicos o considerem condenado. Abandona o hospital em 1951, mas, a partir daí, a sua vida é perturbada por operações aos pulmões e internamentos hospitalares. Após a morte do seu avô em 1949, Thomas Bernhard aproveita os períodos de internamento para escrever poesia.
Em 1950, encontra no sanatório Hedwig Stavianicek uma mulher trinta e cinco anos mais velha do que ele, que será até ao fim da vida sua companheira, apoio moral e financeiro e a primeira leitora dos seus livros.
Entre 1952 e 1954, colabora em jornais e publica os primeiros poemas, ao mesmo tempo que estuda no Conservatório de Música e Artes Dramáticas de Viena e no Mozarteum em Salzburgo (Bernhard tem uma excelente voz de barítono).
Frequenta a sociedade intelectual vienense, de que se tornará crítico impiedoso.
O êxito, em 1963, do primeiro romance, Geada, permite-lhe adquirir uma quinta em Ohlsdorf, na Alta Áustria. É nessa região que acaba por se fixar e onde escreve, embora viaje frequentemente para Portugal, Espanha, Itália, a Jugoslávia e a Turquia.
É ao longo destes anos que a sua prosa, caracterizada por longas frases, repetidas até à obsessão, como ecos variados de si próprias, de estilo polifónico, se vai definindo. É, em geral, composta por um monólogo ininterrupto, de uma personagem misantropa, que vai ajustando contas com a mediocridade, o modo de vida e as instituições da Áustria.
Entre 1975 e 1982, publica cinco volumes de pendor autobiográfico. Os seus principais romances surgem nos anos 80, como é o caso de O Sobrinho de Wittgenstein (1982), que retoma a sua experiência de internamentos hospitalares e a sua amizade com Paul Wittgenstein, e O Náufrago (1983), que aborda a vida e a morte de Glenn Gould e de Wertheimer.
Thomas Bernhard é também conhecido como dramaturgo. Ein Fest für Boris (1970), O Presidente (1975) e O Reformador (1979) causam escândalo. Um artigo sobre o teatro de Salzburgo fez com que lhe fosse movido um processo por difamação. Em 1968, o seu discurso ao receber um prémio do Estado austríaco para a literatura leva os representantes oficiais a abandonarem a sala.
Thomas Bernhard morreu em Fevereiro de 1989.
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Publicado 13 de setembro de 2025
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