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Certas Crianças - Diego de Silva
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Descrição

O homem está em frente de Rosário, faltam-lhe dois ou três metros para o alcançar e ultrapassar. Rosário agarra na pistola com a mão direita, tira-a para fora do saco e, ao mesmo tempo, levanta-se. Move-a de baixo para cima em semicírculo, como se abrisse uma porta. Solta o fecho de segurança, com o dedo que treme sobre o gatilho. O homem estaca. Rosário olha-o de frente. Não teve qualquer reação à vista da pistola. Ficou num princípio de espanto, mesmo que — e não se morre, aquela espécie de equilíbrio, aquele ponto de dor em que, se ninguém o soubesse, ninguém saberia mesmo se sabia que falta pouco. Se Rosário o tivesse feito parar por meio de um indício — o campo de futebol, o relógio — olhado do mesmo modo. Mas ali está a pistola. Tem-na diante dos olhos. Simplesmente, não acredita.

Um momento antes de disparar, Rosário sente na mão, juntamente com a pistola, a vida que vai tirar. É uma sensação que lhe vai direita à cabeça, uma porta que lhe escancara o mundo diante dos olhos sob uma luz magnífica.

Uma manhã, numa cidade nunca nomeada mas perfeitamente identificável, uma criança de onze anos ergue-se da cama, prepara o pequeno-almoço e avó, debruça-se da janela. Durante algum tempo observa os vizinhos, escolhendo entre a indiferença e a raiva. Depois agarra no saco de treino, veste os calções de pequeno corredor, sai de casa e entra na periferia, no seu reino particular, e com a cabeça cheia de ordens e instruções.

É com esta cena de sangue e de silêncio que se inicia o livro de Diego De Silva, um livro que é, desde o princípio, um verdadeiro murro no estômago.

O protagonista de Certas Crianças é um menino napolitano igual a tantos outros, que por acaso passa a ser membro da camorra. Rosário olha para os próprios actos com enorme distância, cumpre com idêntica indiferença agressões e punições e pequenos gestos de bondade. É um catavento, porque simplesmente não tem qualquer tipo de moral. Fascinado por um professor idealista e militante do catecismo de Santino, um dos elementos mais destacados da Casa Letizia, o centro de voluntariado, Rosário é capaz de fazer muitas escolhas, até o próprio bem. E é esse sentido da casualidade — do bem e do mal — que torna o personagem uma das mais profundamente trágicas, e sobretudo de um mundo assustador que é o nosso próprio mundo.

Certas Crianças é porventura a obra ficcional mais importante até hoje publicada sobre a questão da criminalidade juvenil.

Autor: Diego de Silva

Tradução: Maria do Carmo Abreu

Editora: Ulisseia

Colecção: Clássicos da Literatura Contemporânea

Capa Mole

150 Páginas

Apresenta ligeiras manchas de oxidação

Entrega em mão à saída das estações da CP entre Sintra/Oriente: Gratuita

Envio por Correio Editorial Registado: Acresce € 4
ID: 663498664

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Esteve online ontem às 20:32

Publicado 15 de junho de 2025

Certas Crianças - Diego de Silva

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