Particular
Descrição
Tudo começou porque eu pedi um sítio quente para dormir.
Ouvi as pessoas na rua a dizer que, dali por uns dias, o frio ia voltar e que tinham de tirar os cobertores quentinhos do armário. Não sabia o que era um cobertor, mas o frio assustava-me, e se era quente devia ser bom!
Então nessa noite eu pedi com muita força um cobertor.
De tanto pedir acho que mo deram, porque de repente ficou muito quente. Demasiado quente.
O calor era tanto que toda a gente começou a fugir e eu comecei a ladrar a pedir que me tirassem da corrente porque afinal já não queria um cobertor. Os humanos começaram a gritar: “Fujam todos! É fogo, é fogo!”. Foi então que percebi que afinal aquilo que estava a chegar a mim não era um “cobertor”, mas sim um tal de “fogo”.
Então ladrei, ladrei e ladrei. Implorei que me libertassem para fugir, o tal do “fogo” estava já próximo do sítio onde me deixavam dormir, e não sei se era por ter pedido tanto, mas cada vez mais era difícil respirar, estava tão cansado…
Foi então que me lembrei que quando era apenas um bebé me tinham ensinado um truque: Eu esticava a minha pata e recebia um prémio. Se estivesse muito cansado e não esticasse a pata então paravam de brincar comigo e foi assim que me deram a corrente que não me deixa fugir do fogo. Estiquei a minha pata a toda a gente que passou, mas ninguém quis saber. Talvez não conseguissem ver que o fogo já me estava a alcançar.
De repente, senti uma dor que nunca tinha sentido, o fogo chegou até mim e finalmente vieram libertar-me, ouvi um dos meus donos dizer para me soltarem para não terem problemas, agradeci e fugi. Eu não queria ser um problema, mas precisava de ajuda.
Caminhei durante muitas horas, passei por muita gente e ninguém me quis ajudar, acho que era por não ter pele perto das costas, mas foi o fogo que a levou. A dor era tanta que já nem queria comer, queria só dormir e nunca mais acordar. Os humanos não queriam saber, então é porque a minha vida não devia importar. Os humanos têm sempre razão não têm?
Foi então que chegou perto de mim uma humana que tentou me agarrar, não sabia que ela queria ajudar, só sabia que não queria voltar para uma corrente onde o fogo pudesse chegar. Tentei morder, resmunguei muito, mas ela não desistiu e levou-me dali. Cuidou de mim, mostrou-me pela primeira vez uma coisa chamada “amor”. Agora estico sempre a pata para toda a gente e não rosno a ninguém, já não tenho dores, nem fome. Vivo com outros cães que ficam durante pouco tempo, quando vão embora despedem-se de mim a dizer que a família deles chegou. As pessoas que cuidam de mim prometeram-me que um dia eu vou ter a minha própria família, humanos que vão cuidar de mim, brincar, dar-me comida e mesmo que eu esteja cansado para brincar, vão deixar-me ir para o sofá e nunca mais vou estar preso a uma corrente!
Parece um sonho e parece pedir demasiado, mas importam-se que peça que a minha família chegue antes do frio chegar?
Lambeijos do Alfredo Street de Sousa
Ouvi as pessoas na rua a dizer que, dali por uns dias, o frio ia voltar e que tinham de tirar os cobertores quentinhos do armário. Não sabia o que era um cobertor, mas o frio assustava-me, e se era quente devia ser bom!
Então nessa noite eu pedi com muita força um cobertor.
De tanto pedir acho que mo deram, porque de repente ficou muito quente. Demasiado quente.
O calor era tanto que toda a gente começou a fugir e eu comecei a ladrar a pedir que me tirassem da corrente porque afinal já não queria um cobertor. Os humanos começaram a gritar: “Fujam todos! É fogo, é fogo!”. Foi então que percebi que afinal aquilo que estava a chegar a mim não era um “cobertor”, mas sim um tal de “fogo”.
Então ladrei, ladrei e ladrei. Implorei que me libertassem para fugir, o tal do “fogo” estava já próximo do sítio onde me deixavam dormir, e não sei se era por ter pedido tanto, mas cada vez mais era difícil respirar, estava tão cansado…
Foi então que me lembrei que quando era apenas um bebé me tinham ensinado um truque: Eu esticava a minha pata e recebia um prémio. Se estivesse muito cansado e não esticasse a pata então paravam de brincar comigo e foi assim que me deram a corrente que não me deixa fugir do fogo. Estiquei a minha pata a toda a gente que passou, mas ninguém quis saber. Talvez não conseguissem ver que o fogo já me estava a alcançar.
De repente, senti uma dor que nunca tinha sentido, o fogo chegou até mim e finalmente vieram libertar-me, ouvi um dos meus donos dizer para me soltarem para não terem problemas, agradeci e fugi. Eu não queria ser um problema, mas precisava de ajuda.
Caminhei durante muitas horas, passei por muita gente e ninguém me quis ajudar, acho que era por não ter pele perto das costas, mas foi o fogo que a levou. A dor era tanta que já nem queria comer, queria só dormir e nunca mais acordar. Os humanos não queriam saber, então é porque a minha vida não devia importar. Os humanos têm sempre razão não têm?
Foi então que chegou perto de mim uma humana que tentou me agarrar, não sabia que ela queria ajudar, só sabia que não queria voltar para uma corrente onde o fogo pudesse chegar. Tentei morder, resmunguei muito, mas ela não desistiu e levou-me dali. Cuidou de mim, mostrou-me pela primeira vez uma coisa chamada “amor”. Agora estico sempre a pata para toda a gente e não rosno a ninguém, já não tenho dores, nem fome. Vivo com outros cães que ficam durante pouco tempo, quando vão embora despedem-se de mim a dizer que a família deles chegou. As pessoas que cuidam de mim prometeram-me que um dia eu vou ter a minha própria família, humanos que vão cuidar de mim, brincar, dar-me comida e mesmo que eu esteja cansado para brincar, vão deixar-me ir para o sofá e nunca mais vou estar preso a uma corrente!
Parece um sonho e parece pedir demasiado, mas importam-se que peça que a minha família chegue antes do frio chegar?
Lambeijos do Alfredo Street de Sousa
ID: 658328537
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Publicado 25 de abril de 2025
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