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"CRÍTICA IV"
Contistas, Novelistas e Outros Prosadores Contemporâneos 1942/1979
de João Gaspar Simões
1ª Edição de 1981
INCN - Imprensa Nacional – Casa da Moeda
Coleção Temas Portuguesas
516 Páginas
João Gaspar Simões
Considerado por Mário Sacramento como “o primeiro grande crítico da nossa história das letras” e por José Cardoso Pires como aquele que “abriu o capítulo da Crítica numa literatura onde apenas se assinalavam rasgos de polémica ocasional, desde José Agostinho de Macedo ao republicano Alexandre da Conceição, com desgarradas passagens por Eça, Camilo, Ramalho, etc.”, para depois, “pegar no exemplo de Moniz Barreto com vista a uma actividade regular da crítica; e nobilitá-la; e persistir nela ao longo de cerca de quarenta anos”, João Gaspar Simões (n. Figueira da Foz, 25. 2.1903 – m. Lisboa, 6.1.1987) foi, de facto, em que pese o ressabiamento mal escondido de tantos que nunca lhe perdoaram os arranhões (quiçá injustos) neles deixados pelo autor de Liberdade de Espírito (1948), a mais substancial e persistente figura de crítico de toda a nossa história literária.
Na Figueira da Foz, recebe a instrução primária num colégio dirigido por Eloy do Amaral, que lhe dará os primeiros estímulos para a leitura de obras literárias. O pai manda-o depois para Coimbra, onde, no Liceu José Falcão, completa a educação secundária, tendo, como condiscípulo, Branquinho da Fonseca. A ideia do pai, João Simões, comerciante, é atrair o filho, completada a sua educação liceal, para uma carreira comercial, mas J.G.S. procura esquivar-se, indo cursar Direito, com mira numa eventual “carreira diplomática” (a qual seduzirá outros como Albano Nogueira e Guilherme de Castilho). Em 1921 matricula-se, pois, em Direito, curso que abomina, desleixa e interrompe, vindo só a concluí-lo em 1932. Dá-se sobretudo à boémia estudantil de cariz intelectual, frequenta tertúlias e, com Afonso Duarte, António de Sousa, Branquinho da Fonseca, Campos de Figueiredo e Vitorino Nemésio funda a revista Tríptico, em 1924, na qual colaborará, lado a lado com, além dos escritores citados, Aquilino Ribeiro, Augusto Casimiro, José Régio, Alberto de Serpa, Raul Brandão e Teixeira de Pascoaes, entre outros.
Em 1926, com 23 anos, e ainda estudante, casa, em Coimbra, com Mécia de Vasconcelos Gonçalves, com quem, mais tarde (1941) traduzirá o romance Jane Eyre, de Charlotte Brontë.
Em 1927, com José Régio e Branquinho da Fonseca – e residindo, nessa altura, na Figueira da Foz, mas encontrando-se todas as semanas com Régio, no Café Central, em Coimbra – J.G.S. funda a revista presença, subintitulada “Folha de Arte e Crítica”, cujo primeiro número verá a luz em 10 de março de 1927 e durará até 1940. Com Régio, João Gaspar Simões constituirá o núcleo que estará com a revista, desde o primeiro ao último número. Estudando com inteligência e articulação os grandes nomes do primeiro modernismo (Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros), divulgando-os e promovendo, de caminho, um leque de novos valores, além de dedicar atenção crítica ao cinema, às artes plásticas e à filosofia, a presença afirmou-se, sobretudo devido à ação de Régio, Simões e Casais Monteiro (este, a partir de 1930, quando sai da direção Branquinho da Fonseca) um dos mais sólidos veículos de cultura da primeira metade do século XX.
Crítico intuitivo, sem os poderes de análise e de teorização do seu camarada mais velho (Régio), João Gaspar Simões afirmar-se-á, contudo, sobretudo a partir da sua contribuição regular (semanal) no Diário de Lisboa e, depois, no Mundo Literário, no Átomo, no Diário de Notícias, como o mais empenhado e assíduo “reviver” de toda a nossa história literária. Tem-lhe sido assacado, com frequência, todo um leque de inapetências: teórica, filosófica, etc. E a “tarte à la crême” dos seus críticos foi atirarem-lhe à cara as contradições em que por vezes caía. A este propósito, já tivemos ocasião de lembrar o aviso de Pascal, segundo o qual, “a contradição não é um sinal de falsidade, do mesmo modo que a ausência de contradição não é um sinal de verdade.”
Leitor omnívoro e espírito independente, a sua frontalidade e o seu gosto certeiro fizeram-lhe uma profusão de amigos e admiradores e uma não menor profusão de inimigos e detratores. Mas a afirmação de David Mourão-Ferreira, segundo o qual o autor de Novos Temas (1938) se teria evidenciado, “com isenção e independência exemplares, a própria consciência da literatura”, ainda hoje se tem de pé.
João Gaspar Simões, ao contrário de todos os outros codiretores da presença, nunca fez qualquer incursão pelo território da poesia. E o seu teatro – O Vestido de Noiva (1952) e Marcha Nupcial (s.d., 1964) – não tem condições de perdurabilidade. Mas já, no domínio do romance, do conto e da novela, deixou obras significativas, que são, provavelmente, marcos duradouros: Elói ou Romance numa Cabeça (1932); Pântano (1940); Amigos Sinceros (1941); A Unha Quebrada (1941) e Internato (1946). Dando à psicologia – com José Régio –, na ficção, uma importância que ela até aí não tivera, isto mesmo lhe (lhes) valeu a incompreensível acusação de “excesso de psicologismo”...
No setor da biografia, em que pesem as reservas que se lhe possam pôr, deixou-nos duas obras que são, ainda hoje, de referência obrigatória: Eça de Queirós, o Homem e o Artista (1945) e Vida e Obra de Fernando Pessoa (1950).
Eugénio Lisboa in Camões - Instituto da Cooperação e da Língua
ESGOTADO NESTA 1ª EDIÇÃO
BOM ESTADO - PORTES GRÁTIS
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de João Gaspar Simões
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516 Páginas
João Gaspar Simões
Considerado por Mário Sacramento como “o primeiro grande crítico da nossa história das letras” e por José Cardoso Pires como aquele que “abriu o capítulo da Crítica numa literatura onde apenas se assinalavam rasgos de polémica ocasional, desde José Agostinho de Macedo ao republicano Alexandre da Conceição, com desgarradas passagens por Eça, Camilo, Ramalho, etc.”, para depois, “pegar no exemplo de Moniz Barreto com vista a uma actividade regular da crítica; e nobilitá-la; e persistir nela ao longo de cerca de quarenta anos”, João Gaspar Simões (n. Figueira da Foz, 25. 2.1903 – m. Lisboa, 6.1.1987) foi, de facto, em que pese o ressabiamento mal escondido de tantos que nunca lhe perdoaram os arranhões (quiçá injustos) neles deixados pelo autor de Liberdade de Espírito (1948), a mais substancial e persistente figura de crítico de toda a nossa história literária.
Na Figueira da Foz, recebe a instrução primária num colégio dirigido por Eloy do Amaral, que lhe dará os primeiros estímulos para a leitura de obras literárias. O pai manda-o depois para Coimbra, onde, no Liceu José Falcão, completa a educação secundária, tendo, como condiscípulo, Branquinho da Fonseca. A ideia do pai, João Simões, comerciante, é atrair o filho, completada a sua educação liceal, para uma carreira comercial, mas J.G.S. procura esquivar-se, indo cursar Direito, com mira numa eventual “carreira diplomática” (a qual seduzirá outros como Albano Nogueira e Guilherme de Castilho). Em 1921 matricula-se, pois, em Direito, curso que abomina, desleixa e interrompe, vindo só a concluí-lo em 1932. Dá-se sobretudo à boémia estudantil de cariz intelectual, frequenta tertúlias e, com Afonso Duarte, António de Sousa, Branquinho da Fonseca, Campos de Figueiredo e Vitorino Nemésio funda a revista Tríptico, em 1924, na qual colaborará, lado a lado com, além dos escritores citados, Aquilino Ribeiro, Augusto Casimiro, José Régio, Alberto de Serpa, Raul Brandão e Teixeira de Pascoaes, entre outros.
Em 1926, com 23 anos, e ainda estudante, casa, em Coimbra, com Mécia de Vasconcelos Gonçalves, com quem, mais tarde (1941) traduzirá o romance Jane Eyre, de Charlotte Brontë.
Em 1927, com José Régio e Branquinho da Fonseca – e residindo, nessa altura, na Figueira da Foz, mas encontrando-se todas as semanas com Régio, no Café Central, em Coimbra – J.G.S. funda a revista presença, subintitulada “Folha de Arte e Crítica”, cujo primeiro número verá a luz em 10 de março de 1927 e durará até 1940. Com Régio, João Gaspar Simões constituirá o núcleo que estará com a revista, desde o primeiro ao último número. Estudando com inteligência e articulação os grandes nomes do primeiro modernismo (Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros), divulgando-os e promovendo, de caminho, um leque de novos valores, além de dedicar atenção crítica ao cinema, às artes plásticas e à filosofia, a presença afirmou-se, sobretudo devido à ação de Régio, Simões e Casais Monteiro (este, a partir de 1930, quando sai da direção Branquinho da Fonseca) um dos mais sólidos veículos de cultura da primeira metade do século XX.
Crítico intuitivo, sem os poderes de análise e de teorização do seu camarada mais velho (Régio), João Gaspar Simões afirmar-se-á, contudo, sobretudo a partir da sua contribuição regular (semanal) no Diário de Lisboa e, depois, no Mundo Literário, no Átomo, no Diário de Notícias, como o mais empenhado e assíduo “reviver” de toda a nossa história literária. Tem-lhe sido assacado, com frequência, todo um leque de inapetências: teórica, filosófica, etc. E a “tarte à la crême” dos seus críticos foi atirarem-lhe à cara as contradições em que por vezes caía. A este propósito, já tivemos ocasião de lembrar o aviso de Pascal, segundo o qual, “a contradição não é um sinal de falsidade, do mesmo modo que a ausência de contradição não é um sinal de verdade.”
Leitor omnívoro e espírito independente, a sua frontalidade e o seu gosto certeiro fizeram-lhe uma profusão de amigos e admiradores e uma não menor profusão de inimigos e detratores. Mas a afirmação de David Mourão-Ferreira, segundo o qual o autor de Novos Temas (1938) se teria evidenciado, “com isenção e independência exemplares, a própria consciência da literatura”, ainda hoje se tem de pé.
João Gaspar Simões, ao contrário de todos os outros codiretores da presença, nunca fez qualquer incursão pelo território da poesia. E o seu teatro – O Vestido de Noiva (1952) e Marcha Nupcial (s.d., 1964) – não tem condições de perdurabilidade. Mas já, no domínio do romance, do conto e da novela, deixou obras significativas, que são, provavelmente, marcos duradouros: Elói ou Romance numa Cabeça (1932); Pântano (1940); Amigos Sinceros (1941); A Unha Quebrada (1941) e Internato (1946). Dando à psicologia – com José Régio –, na ficção, uma importância que ela até aí não tivera, isto mesmo lhe (lhes) valeu a incompreensível acusação de “excesso de psicologismo”...
No setor da biografia, em que pesem as reservas que se lhe possam pôr, deixou-nos duas obras que são, ainda hoje, de referência obrigatória: Eça de Queirós, o Homem e o Artista (1945) e Vida e Obra de Fernando Pessoa (1950).
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Publicado Hoje às 00:17
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