Este livro, do actual ministro do Trabalho e da Segurança Social, António Bagão Félix, é uma espécie de diário, sem datas, organizado antes por números, já que o seu autor "gosta do rigor da matemática", como afirmou em recente entrevista à revista "Os Meus Livros"(n 2, Julho 2002). Quando avançou para estas notas (são 370), perguntas e reflexões sobre os mais variados temas (a música, a finança, a botânica, o futebol - Bagão Félix é um conhecido e devotado benfiquista - , a literatura, a educação, a política), não pensava sequer vir a ser ministro. Mas, como afirma noutro passo da entrevista referida, defende tudo aquilo que escreveu (é o seu "espaço de liberdade"), mesmo que algumas das opiniões expressas possam, hoje, ser usadas contra ele. Até porque defende que ser politicamente incorrecto é uma atitude "higiénica, saudável e criativa". Talvez por isso, há também em "Do Lado de Cá, ao Deus-dará" um lado provocador e irónico ("A gorjeta é um subsídio indirecto ao patrão para justificar um menor salário").

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