Universo Cativo - Harry Harrison

"Chimal, um jovem irrequieto e cheio de perguntas, para quem a vida de aldeão não tem sentido algum, sonha em se afastar do vale no qual vive confinado todo o seu povo, em estado de total submissão aos terríveis deuses que vigiam permanentemente as pessoas das duas únicas vilas, impondo-lhes toda uma série de tabus e restrições. Chimal herdou de seu pai não apenas o nome, mas também uma tendência a quebrar as regras, tendência esta que vive lhe causando problemas com os padres e o sumo sacerdote das aldeias. E Chimal também tem um traço de caráter insuportável para os seus concidadãos: o jovem faz perguntas mais do que inconvenientes, embora sejam de perspicácia e sagacidade as quais não se pode encontrar em qualquer outro de sua aldeia, ou na aldeia do outro lado do rio. Aos 21 anos, após uma adolescência difícil, Chimal tenta acomodar-se ao "status quo" imposto pela tradição religiosa/familiar, mas não consegue deixar de formular as mesmas velhas perguntas inquietantes: “Por que vivemos neste vale isolado já há tanto tempo”?”, “ O que há para além da Muralha Escarpada?”, “Por que os padres matam sistematicamente todos que vislumbram alguma faceta desconhecida da realidade?”, “Por qual razão nada parecia ter o direito de perturbar a imutabilidade daquele vale?”... Tais perguntas martelavam-lhe incessantemente o cérebro, sem que Chimal o pudesse impedir: ele simplesmente não podia parar de pensar em tais questões. Após presenciar uma “cerimónia de ‘‘libertação do deus”, na verdade uma trepanação assassina, levada a cabo para silenciar a voz de um aldeão (o qual aparentemente vira algo que não deveria ter visto), Chimal decide investigar por conta própria e vai até o local no qual supunha ter estado o jovem sacrificado. A partir deste momento, tudo na vida de Chimal irá mudar drasticamente e ele terá de lutar contra todos os seus temores e crenças mais arraigados, usando ao máximo os seus dons inatos de raciocínio e lógica, para poder sobreviver em um ambiente totalmente estranho e hostil.
Harrison pode não ter sido o primeiro a abordar o tema explorado nesta fantástica história, mas foi um dos melhores a fazê-lo, sem favor algum...
Em plena era de quase feroz antagonismo entre tradição e progresso, esta obra me parece uma leitura muito oportuna, pois diverte e faz pensar..."

Editora - CAMINHO, 1985

Estado de conservação - Muito bom