«Um dia, ao folhear uma revista dessas que trazem notícias de guerras e outras catástrofes, deparou-se-me uma fotografia que me trouxe a infância toda de volta. Ao fundo da página, alguns homens fardados carregavam espingardas, junto de duas ou três mulheres de rostos sem resposta, cobertos por panos leves que deixavam ver o desenho magro dos corpos. Contudo, em primeiro plano, um menino de 10 ou 11 anos, caminhando descalço sobre a terra, sorria para mim. Inexplicavelmente. Depois, aguçando o olhar, pude ver um pássaro sobre o ombro direito do menino e, mais abaixo, duas borboletas coloridas sobre os dedos das mãos. No momento seguinte, uma das borboletas coloridas levantou voo na minha direcção, transpondo, num segundo, o limite da página. Voltei então, novamente, o meu olhar para o rosto do menino e revi claramente o mesmo Jesus que brincava comigo no quintal da infância, com quem descobri, em longas aventuras, que a paz se oferece – ainda e sempre – nos olhos lúcidos das crianças.»