Particular
Tipo: Portugal
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Descrição
JUIZO FINAL
Franco Nogueira
Livraria Civilização Editora
1ª Edição - 1992
Páginas: 230
Dimensões: 220x155 mm
Peso: 371
Exemplar em bom estado, ligeiras desgaste na capa, tem uma assinatura na folha de rosto
PREÇO: 10.00€
PORTES DE ENVIO PARA PORTUGAL INCLUÍDOS, em Correio Normal/Editorial, válido enquanto esta modalidade for acessível a particulares.
Envio em Correio Registado acresce a taxa em vigor.
QUE JUÍZO FINAL?
Decidir de um titulo é sempre processo laborioso. Sabem-no quantos se atreveram à publicação de um livro. Não fugi neste caso à rotina. Tentei vários títulos. Fixei-me em Juízo Final. Três ou quatro amigos daqueles a quem se confiam estas minúcias sem interesse aplaudiram a escolha. Mas subindo pouco depois o Chiado, por uma tarde de verão, parei a ler os títulos de uma dúzia de volumes velhos que um alfarrabista improvisado espalhara no empedrado do passeio. E um pequeno folheto, de cujo autor não me recordo já o nome, e que exibia uma capa desbotada que no início do século teria acaso sido amarela, ostentava precisamente o título de Juízo Final. Naquele momento tremendamente crucial senti-me defraudado: e resolvi abandonar o que tanto esforço me custara. Mas em pouco me refiz daquele abatimento. Em verdade e em consciência, o título era também meu: e mantive-o. Mas que Juízo Final? Terá um pouco de muitos ângulos. Um juízo sobre o final da década? Sem dúvida. Sobre o final do século? Decerto. Sobre o final do milénio? Também. Sobre o final de um conjunto de valores, de um estilo de cultura, de uma forma de civilização? Igualmente. E sobre os Portugueses e Portugal no dobrar de todas aquelas esquinas e no seu alegre caminhar pela estrada de Bizâncio? Por que não? E por último um juízo de quem porventura julga que publica um derradeiro livro. Todas estas interpretações são válidas, e outras também. Consente todas as margens a deliberada ambiguidade do título. Tem muito por onde escolher o leitor eventual. Qualquer das escolhas não será certa nem errada, e não lhe fará bem, nem mal.
Tem este livro uma pretensão, ainda que ambiciosa talvez: chamar a atenção para Portugal e os perigos que o cercam. E também uma segunda pretensão, ainda que subsidiária: não atacar quem quer que seja, não atacar o que quer que seja. Contém afirmações polémicas? Admite-se que assim possa ser: aliás, tudo é polémico. Contém afirmações susceptíveis de aproveitamento especulativo? Talvez, para os de menos boa-fé, ou de consciência menos tranquila, ou de objectivos que queiram ocultar. Mas não acredito que qualquer destes deseje atribuir ao volume uma importância que decerto seria desvanecedora. Em qualquer caso, tudo quanto neste livro se narra ou se sugere, ou se desenterra do passado para a actualidade, está ampla- mente documentado. Limitei-me ao papel de cronista de factos incontroversos, e a citar, a sublinhar, a cerzir a narrativa, interpondo acaso um comentário, uma reflexão, uma dúvida inocente. Mas não fujo a este reparo: quanto terceiros (sejam portugueses ou estrangeiros) fazem ou dizem ou escrevem, está perfeitamente bem, é normal, é natural; se no entanto, como é o caso deste livro, se assinala ou chama a atenção precisamente para o que esses terceiros (portugueses ou estrangeiros) fazem ou dizem ou escrevem, e se se tiram as conclusões que tudo comporta, ou se apontam as consequências inevitáveis, então já o facto é havido por condenável. Ou é merecedor de censura e crítica, por ser incómodo, ou menos oportuno, ou embaraçoso. Ou mesmo encarado jocosamente como matéria a não tomar a sério. Por que será isto assim? Todos o sabem. Todos fingem não o saber.
Agir com fé em função dos princípios que possui, das convicções que sente, dos valores em que acredita eis o dever de todo o homem. Mas a fé, por outro lado, implica humildade. E por isso cabe lembrar que há dois mil anos, dirigindo-se ao mundo dos homens, formulou Pilatos uma pergunta definitiva: onde está a verdade e o que é a verdade? A resposta - ninguém ainda a encontrou. Ninguém.
Cascais, 1992.
Franco Nogueira
Livraria Civilização Editora
1ª Edição - 1992
Páginas: 230
Dimensões: 220x155 mm
Peso: 371
Exemplar em bom estado, ligeiras desgaste na capa, tem uma assinatura na folha de rosto
PREÇO: 10.00€
PORTES DE ENVIO PARA PORTUGAL INCLUÍDOS, em Correio Normal/Editorial, válido enquanto esta modalidade for acessível a particulares.
Envio em Correio Registado acresce a taxa em vigor.
QUE JUÍZO FINAL?
Decidir de um titulo é sempre processo laborioso. Sabem-no quantos se atreveram à publicação de um livro. Não fugi neste caso à rotina. Tentei vários títulos. Fixei-me em Juízo Final. Três ou quatro amigos daqueles a quem se confiam estas minúcias sem interesse aplaudiram a escolha. Mas subindo pouco depois o Chiado, por uma tarde de verão, parei a ler os títulos de uma dúzia de volumes velhos que um alfarrabista improvisado espalhara no empedrado do passeio. E um pequeno folheto, de cujo autor não me recordo já o nome, e que exibia uma capa desbotada que no início do século teria acaso sido amarela, ostentava precisamente o título de Juízo Final. Naquele momento tremendamente crucial senti-me defraudado: e resolvi abandonar o que tanto esforço me custara. Mas em pouco me refiz daquele abatimento. Em verdade e em consciência, o título era também meu: e mantive-o. Mas que Juízo Final? Terá um pouco de muitos ângulos. Um juízo sobre o final da década? Sem dúvida. Sobre o final do século? Decerto. Sobre o final do milénio? Também. Sobre o final de um conjunto de valores, de um estilo de cultura, de uma forma de civilização? Igualmente. E sobre os Portugueses e Portugal no dobrar de todas aquelas esquinas e no seu alegre caminhar pela estrada de Bizâncio? Por que não? E por último um juízo de quem porventura julga que publica um derradeiro livro. Todas estas interpretações são válidas, e outras também. Consente todas as margens a deliberada ambiguidade do título. Tem muito por onde escolher o leitor eventual. Qualquer das escolhas não será certa nem errada, e não lhe fará bem, nem mal.
Tem este livro uma pretensão, ainda que ambiciosa talvez: chamar a atenção para Portugal e os perigos que o cercam. E também uma segunda pretensão, ainda que subsidiária: não atacar quem quer que seja, não atacar o que quer que seja. Contém afirmações polémicas? Admite-se que assim possa ser: aliás, tudo é polémico. Contém afirmações susceptíveis de aproveitamento especulativo? Talvez, para os de menos boa-fé, ou de consciência menos tranquila, ou de objectivos que queiram ocultar. Mas não acredito que qualquer destes deseje atribuir ao volume uma importância que decerto seria desvanecedora. Em qualquer caso, tudo quanto neste livro se narra ou se sugere, ou se desenterra do passado para a actualidade, está ampla- mente documentado. Limitei-me ao papel de cronista de factos incontroversos, e a citar, a sublinhar, a cerzir a narrativa, interpondo acaso um comentário, uma reflexão, uma dúvida inocente. Mas não fujo a este reparo: quanto terceiros (sejam portugueses ou estrangeiros) fazem ou dizem ou escrevem, está perfeitamente bem, é normal, é natural; se no entanto, como é o caso deste livro, se assinala ou chama a atenção precisamente para o que esses terceiros (portugueses ou estrangeiros) fazem ou dizem ou escrevem, e se se tiram as conclusões que tudo comporta, ou se apontam as consequências inevitáveis, então já o facto é havido por condenável. Ou é merecedor de censura e crítica, por ser incómodo, ou menos oportuno, ou embaraçoso. Ou mesmo encarado jocosamente como matéria a não tomar a sério. Por que será isto assim? Todos o sabem. Todos fingem não o saber.
Agir com fé em função dos princípios que possui, das convicções que sente, dos valores em que acredita eis o dever de todo o homem. Mas a fé, por outro lado, implica humildade. E por isso cabe lembrar que há dois mil anos, dirigindo-se ao mundo dos homens, formulou Pilatos uma pergunta definitiva: onde está a verdade e o que é a verdade? A resposta - ninguém ainda a encontrou. Ninguém.
Cascais, 1992.
ID: 656260698
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Publicado 07 de maio de 2025
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