Bloco de selos "Alcaide de Faria".

Valor unitário: 1$00,

Edição: 1973?, Serviços Artísticos dos CTT.

HISTÓRIA RETRATADA NOS SELOS

"O episódio que imortalizou Nuno Gonçalves, o alcaide do castelo de Faria, ocorreu em 1372, quando um exército inimigo entrou pela Galiza e atacou as terras de Entre-Douro-e-Minho.

Nuno Gonçalves deixou o castelo entregue ao seu filho Gonçalo Nunes e saiu a combater em campo aberto. Infelizmente foi feito prisioneiro.

Receando que o filho entregasse o castelo como resgate da sua libertação, pôs-se a pensar numa maneira de conseguir falar com ele e proibi-lo de o fazer. Ocorreu-lhe então que o melhor era fingir que queria evitar mais derramamento de sangue e pedir aos castelhanos que o levassem junto da muralha a fim de poder ordenar ao filho que entregasse o castelo de Faria. Eles acederam de boa vontade. E o que se passou a seguir foi contado e remontado até se tomar uma espécie de lenda heróica.

Quando chegou ao castelo Nuno Gonçalves gritou ao filho:

- Sabes tu, Gonçalo Nunes, de quem é esse castelo que entreguei à tua guarda?
- É - respondeu Gonçalo Nunes - do nosso rei e senhor D. Femando de Portugal.
- Sabes tu, Gonçalo Nunes, que o dever de um alcaide é nunca entregar em nenhum caso o seu castelo a inimigos, ainda que tenha que ficar enterrado debaixo de ruínas?
- Sei, ó meu pai! - prosseguiu Gonçalo Nunes em voz baixa para não ser ouvido pelos castelhanos, que começavam a murmurar -, mas não vês que a tua morte é certa se os inimigos percebem que me aconselhas a resistência?

Nuno Gonçalves, como se não tivesse escutado as reflexões do filho, clamou então:

- Pois se sabes, cumpre o teu dever, alcaide do castelo de Faria! Maldito por mim, sepultado sejas tu no inferno, na hora em que os que me cercam entrarem nesse castelo sem tropeçarem no teu cadáver!
- Morra! - gritaram os castelhanos. - Morra quem nos atraiçoou!

E Nuno Gonçalves caiu no chão atravessado de muitas espadas e lanças.

- Defende-te, alcaide! - foram as últimas palavras que ele murmurou.

O filho de Nuno Gonçalves manteve o castelo conforme o pai lhe ordenara".