Lars Norén - A Noite é Mãe do Dia
Edição Cotovia de 1997
Tradução de Luiza Neto Jorge e Solveig Nordlund

A acção de Noite é Mãe do Dia decorre a 9 de maio de 1956, num hotel arruinado. Martin, o proprietário, volta a beber, facto que esconde da mulher Elin, tal como ela lhe esconde o seu cancro. Friamente esta rejeita cuidar do seu marido e filho Georg, com a sua fixação materna incestuosa latente. O verdadeiro protagonista da peça é David, o irmão mais novo de Georg, que hoje completa 16 anos. Sofrendo de amor não correspondido pelos seus pais, tiranizado por Georg e desesperadamente confuso sobre a sua identidade sexual e social, David ouve fascinado as reportagens de rádio sobre a execução de um assassino. De repente, pega numa faca e esfaqueia a própria mãe...

Dramaturgo, romancista e poeta sueco (Estocolmo, 1944), Lars Norén é um dos mais proeminentes dramaturgos contemporâneos, na linha de Eugene O´Neill de quem herda a violência psicológica e o sentido dos espaços fechados. Encenador e director do Teatro de Gotemburgo, Norén escreveu a sua primeira peça aos 19 anos. A sua primeira publicação foi uma colecção de poemas, em 1963. Os seus textos são realistas e giram muitas vezes em torno de relações familiares e dos mais pobres e indefesos da sociedade. Em 1971, o escritor viu a sua carreira reconhecida, recebendo o prémio literário atribuído pelo jornal sueco Aftonbladet. A lista das suas peças é longa, com várias destas já representadas em Portugal, como Demónios (Teatro da Cornucópia, 1997), Coragem para matar (1999), A noite é mãe do dia (CCB, 2000), Categoria 3.1 (Teatro da Comuna, 2001), O caos é vizinho de Deus (2001), Acto (2004), A ronda nocturna (2008), Do Amor (Almada, 2011).