O Homem Medíocre
José Ingenieros
Colecção As Grandes Obras n°5
Edições Cultura Moderna

Se há livro onde o pujante espírito de Ingenieros mais revoou em agudezas e penetrações críticas, morais, psicológicas e filosóficas, foi certamente, neste famoso volume sobre "O Homem Medíocre". É difícil imaginar-se maior argúcia e atilamento, na análise de um problema tão simples e ao mesmo tempo tão complexo como este, da decomposição moral e social do tipo médio, vulgar e corriqueiro do homem que muito se avalia, por conta própria, em sua louca e desvairada pretensão mas afinal, com o qual se tropeça como os pedregulhos das estradas. É mesmo o tipo comum. A diferença é que ele nunca se conforma com a sua mediocridade e blasona de superior... mas a terrível realidade fá-lo fracassar, em tudo aquilo que vai além da sua mediocridade. Incha como a rã da fábula e acaba sempre arrebentando pelas ilhargas... e ai de quem não os diagnostica ao 1° olhar! Irá na onda da sua dilatação megalomana. E como pululam esses tais, em todas as profissões e em todos os ofícios, emblemas permanentes de incapacidade e fracasso mas que vivem a proclamar a sua habilidade para atacar moinhos de vento.
Há páginas geniais neste livro, por onde o peregrino talento crítico do poderoso escritor se desdobrou, em infinitos matizes de inteligência, percuciencia e vivacidade. Aliou a uma cultura clássica e moderna, cimentada nos pilares mais sólidos, uma rara independência de análise, envolvidos num estilo claro e flexuoso, que o faz considerar como dos porta-bandeiras da cultura americana do seu tempo.