Paco Bandeira
CD selado
No plástico
Canto do espelho

Chegou a ser apresentado como o concerto de despedida de uma carreira longa. Seria o local ideal para o fazer. Em casa, na terra onde nasceu e a quem retribuiu dando-lhe a voz para o reconhecimento colectivo, através da letra de uma das mais cantadas melodias. O Coliseu da sua cidade estava meio composto. A selecção jogava nos ecrãs de todo o país. Nos bastidores também. Na sala, o frio, contracenava com o calor dos holofotes. Nos bastidores, não. Esperava-se noite banhada por emoções, quentes. Antes de o ser, já era aliás, certeza do serão. "Os aplausos são bons, mas não valem quase nada, sabe? Se valessem... eram trocados por notas. É tudo efémero, mas claro que ficam na memória", diz Paco Bandeira.

N'O Canto do Espelho (nome do último álbum de originais), reflexos de camarins desarrumados, por entre as prévias notas desencontradas dos músicos, dos afinadores de voz da Coral Harmonia de Santiago do Cacém, dos passos na madeira. O alvoroço de quem está pronto, sem nunca estar, para entrar em cena. Do outro lado das cortinas, a dança das cadeiras, dos telemóveis, das palavras de circunstância, mesmo que não se prendam nas circunstâncias. "Se estou nervoso? Depois de tanto tempo, vamos controlando melhor as emoções, mas claro que sim", diz.