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Pedra de Impressão Litografia 2 faces c/ rótulos de latas de conservas
Pedra de Impressão Litografia 2 faces c/ rótulos de latas de conservas
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Descrição

Antiga Pedra de Impressão Litografia/Litogravura de duas faces com rótulos para latas de conservas de Espanha

Face 1
- Onuba, Sardinas en Escabeche, Classe Extra, José Ruiz Medel, Huelva, Pescados en Jurelles
- Les Gamins, Corvina Frita em Escabeche, Fabrique Guadiana

Face 2
- Sardines Ermilanda, Lázaro & C.ª L.

Apresenta algum desgaste localizado decorrente da utilização, conforme fotos.

Dimensão: 29 x 36,5 x 7cm

Excerto do livro “SETÚBAL ECONOMIA, SOCIEDADE E CULTURA OPERÁRIA”, de Maria da Conceição Quintas.

Entre 1806 e 1808 a litografia atravessou a fronteira alemã e penetrou em França, tendo chegado a Portugal, sob a égide de Luiz da Silva Mouzinho de Albuquerque que, em França, por mera curiosidade, estudara o processo.

Em 1822, este estadista enviou uma prensa, algumas pedras litográficas e diversos apetrechos necessários ao trabalho litográfico, ao cuidado do pintor e desenhador Domingos António de Sequeira, mandando às Cortes uma proposta para a introdução desta “arte” em Portugal.

Finalmente, em ofício enviado das Cortes a Filipe Ferreira Araújo e Castro, em 25 de Junho de 1825,
este era informado da aprovação da proposta do Governo sobre o assunto. Daí à sua aplicação na indústria foi um simples passo.

Setúbal recebeu a nova técnica treze anos após a entrada dos franceses nesta cidade para dinamizarem a indústria de conservas de peixe, especialmente de sardinha.

Foi, portanto, no ano de 1893 que António José Baptista adquiriu uma prensa litográfica, que instalou num armazéns situado na R. Alexandre Herculano. Esta oficina litográfica manteve-se nas mãos do seu fundador até 1895, altura em que a vendeu, por sete contos de réis, a cinco indivíduos e duas firmas de Setúbal, ligados maioritariamente ao mundo conserveiro.

Estes constituíram a Litografia Setubalense S.A.R.L., com o objectivo de explorar a indústria da “folha acharoada” e de todos os mais artigos consumidos pelas fábricas de conservas de peixe. Em 1904 a Société Générale Métallurgique – firma francesa, com sede em Nantes e sucursal em Lisboa – mostrou interesse em investir na indústria litográfica local. Após contacto com a direcção da Litografia Setubalense foi acordado o trespasse por 28 000$000 réis a António José Baptista que arrendou as instalações por 19 anos e 250$000 réis de renda anual.

Mas, em 1905, António José Baptista abriu a Litografia Aliança, associado a seu filho Rafael que assumira a direcção técnica da oficina, instalada no mesmo local da anterior, pois os arrendatários haviam desistido da mesma.
As instalações foram remodeladas e, em 1919, Luiz José Baptista assinou um contrato de arrendamento destas instalações à Sociedade Litográfica Portuguesa, fundada em Lisboa a 17 de Abril do mesmo ano.

Em 1920 foi criada a Nova Litografia Sado, Lda. que viria a instalar-se no Bairro Salgado, paredes meias com uma das zonas residenciais da burguesia setubalense ligada à indústria conserveira. Pela primeira vez se abandonava o Bairro Baptista como localização privilegiada pela indústria litográfica setubalense.

A Sociedade Litográfica Portuguesa foi posteriormente (1933) reestruturada, após falência da empresa Aires da Costa & Ca, de que eram sócios António Vieira, Henrique Vieira, Padre Tobias em representação do seminário de Évora, Banco Melo e Sousa e Agustine Reis. Estes elementos eram também sócios da Nova Litografia Sado S.A.R.Lda .

O equipamento industrial da Sociedade Litográfica Portuguesa era, ainda nos anos 1930, composto por uma máquina rotativa que “tirava” 100 caixas de 112 folhas cada em 8 horas, duas máquinas planas a imprimirem à média de 50 caixas em 8 horas e 2 máquinas planas a envernizarem a folha já impressa nas três máquinas referidas. Ainda havia uma máquina plana que imprimia folha F.C.B.Y..

Nos “transportes” era tudo manual. As prensas de tirar provas e até a de passar “transportes” eram puxadas por uma manivela. Só mais tarde é que lhes foi adaptado um motor eléctrico com gerador da empresa, uma vez que a electricidade só foi inaugurada em Setúbal no ano de 1930. Era um trabalho árduo mas que exigia muita técnica e arte.

A crise mundial de 1929/30, que afectou o mercado europeu, levou à falência algumas fábricas de conservas de peixe existentes em Setúbal, processo inserido no contexto industrial português, conforme nos referia Alberto Vale na entrevista que nos concedeu. Este facto prejudicou a indústria litográfica, sendo os seus operários altamente penalizados, como menciona Manuel Marques no seu escrito.

Os trabalhos litográficos desenrolavam-se do seguinte modo:
a pedra a utilizar era conduzida para a secção de “granir pedras e chapas” onde era bem limpa, para ficar com “um pouco de poro” para conservar a humidade; dali seguia para a secção de desenho onde o “desenhador” debuxava com tinta litográfica, que possuía uma composição gordurosa, própria para as operações seguintes. Então o “desenho era preparado” com um produto composto de goma arábica e ácido nítrico que “queimava” a base onde se delineara o modelo a litografar, dando-lhe relevo. Seguidamente o “transportador” tirava as provas em papel cromo que era picado numa cartolina para fazer o transporte e passar para a chapa (em zinco ou alumínio) que ia para a máquina de impressão. Esta era composta por três cilindros: um continha a chapa de “transporte” e platina, outro com “cautchú”, e um terceiro a que se chamava cilindro de registo que pegava na “folha-de-flandres”, dava a volta e imprimia o desenho.
Estas placas já impressas seguiam para as fábricas de “vazio” (Astória, Mecânica Setubalense, Cooperadora e Sol, entre outras), onde as “latas” eram cortadas e soldadas (ou cravadas) para serem utilizadas nas fábricas de conservas. As tintas usadas nos “transportes” eram o “preto de transporte” e o “preto de escrita”, enquanto que as usadas na impressão eram “a base amarelo, branco, encarnado, azul e preto”.

O grupo de trabalhadores especializados era composto por gravadores, desenhadores, transportadores, impressores, marginadores, aparadores, estufeiros e outros, cuja aprendizagem era feita na própria oficina, onde os rapazes podiam entrar a partir dos doze anos.
Apenas os gravadores e desenhadores faziam os seus cursos fora das empresas, embora muitos deles cursassem a especialidade na própria oficina onde mestres como Júlio Alves (falecido em 1930), Simonetti e João Santana ensinavam os novos artistas.

A litografia era uma oficina quase exclusivamente de homens, pois as poucas mulheres que ali trabalhavam estavam ligadas a labores desqualificados e mal remunerados (mesmo quando exerciam as mesmas funções dos homens, à excepção de desenhador).
As pedras litográficas produzidas em Setúbal, ao longo de cerca de 100 anos, que nos foi dado observar, são de uma beleza deslumbrante e fruto de prodigiosa imaginação, pois fornecem uma imagem de marketing ainda pouco normal na época a que se reportam. A utilização de figuras femininas, misturadas com outras de cariz mitológico, regional ou histórico, inseridas num contexto cromático aliciante, visavam estimular o apetite dos consumidores menos impelidos para as conservas enlatadas. Nestes imaginativos desenhos, concebidos pelos litógrafos setubalenses, não era esquecida a representação humorística destinada aos mais sisudos, como poderemos inferir das gravuras apresentadas. As próprias marcas das conservas a enlatar mantinham estas componentes consideradas mais capazes de atrair as atenções e, consequentemente, os compradores.

A técnica da litografia era também aplicada na impressão dos papéis que envolviam as conservas enlatadas em “lata branca”. O desenrolar das actividades era o mesmo, diferindo apenas no material sobre o qual era impresso o desenho: a “folha-de-flandres” ou a folha de papel.

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ID: 663464159

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M. Fernandes

No OLX desde setembro de 2016

Esteve online dia 21 de setembro de 2025

Publicado 08 de agosto de 2025

Pedra de Impressão Litografia 2 faces c/ rótulos de latas de conservas

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