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Tipo: Poesia
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Descrição
"POESIAS COMPLETAS"
de Alexandre O' Neill
Introdução de Miguel Tamen
3ª Edição de 2002
ASSÍRIO & ALVIM
544 Páginas
OS AMANTES DE NOVEMBRO
Ruas e ruas dos amantes
Sem um quarto para o amor
Amantes são sempre extravagantes
E ao frio também faz calor
Pobres amantes escorraçados
Dum tempo sem amor nenhum
Coitados tão engalfinhados
Que sendo dois parecem um
De pé imóveis transportados
Como uma estátua erguida num
Jardim votado ao abandono
De amor juncado e de outono.
Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'
*
Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o Ensino Secundário como sugestão de leitura.
«[ ] Noutra aparentemente diversa circunstância, quanta merecida e salutar bofetada nos dá O Neill. Ir, ao contrário, buscar saúde à linguagem doente, no sarcasmo e no jogo, no sem cerimónia e no impuro; e a meio, dizer serenamente algumas verdades decisivas, algumas emblemáticas: que o medo "tudo vai ter" ou o "remorso de todos nós". Mallarmé, "a tristeza é que não há por lustro um", decerto sob o lustre - não se limitava, não se limita para nós, a reduzir o pobre mundo nosso às sobras do poema; diz-nos antes que a poesia pode e deve atravessar a realidade toda, até ao singular e insigificante, e ao impossível que lhe resiste, tipo mosca Albertina. Tornar-se livro o mundo, é tornar-se mundo o livro, e ainda, não coincidirem nunca. Com perdão das maiúsculas: dessa exigência, ética, Alexandre O Neill é exemplo, que não segue só quem o imita".»
António Franco Alexandre in A Phala, n.º 88
---
Alexandre O'Neill
Nasceu a 19 de dezembro de 1924, em Lisboa, e morreu a 21 de agosto de 1986, na mesma cidade
Poeta.
De seu nome completo Alexandre Manuel Vahia de Castro O'Neill de Bulhões, frequentou a Escola Náutica e acabou seguindo a carreira de publicitário, de cuja actividade não raro contrabandeou para a poesia, com o maior à-vontade e não menor eficiência, técnicas várias onde se destaca, por exemplo, a economia do texto. E o contrário também foi verdadeiro, pois slogans há de sua autoria que, na memória do grande público, ficaram muito para além do tempo e do motivo da criação devido à arte poética que os enforma.
Em 1947, fundou, com António Pedro, Mário Cesariny de Vasconcelos, José Augusto França e alguns outros, o Grupo Surrealista de Lisboa, de que se acabará desligando, desencantado, mas não deixando nunca de ser de alguma forma refém dessa sua primeira experiência que lhe proporcionou a estreia com o poema gráfico A Ampola Milagrosa (1948).
Em 1951, já afastado daquele movimento mas a cuja experiência ainda então se refere, publica a primeira colectânea de poemas, Tempo de Fantasmas, a que se seguiriam dez outras, a última das quais no ano da sua morte, bem como dois volumes de narrativas.
O desencanto por tudo o que o rodeava, e que não raro se vestia de um humor sentimentalmente descomprometido, com traços de ironia, mais desdenhosa do que cáustica, alarga-se até àquilo mesmo que escreve. Aliás, como muito bem lembra Clara Rocha, O' Neill, que «tem realmente muito de artesanato da palavra, de artefacto, de técnica», povoa a sua mais tardia poesia de palavras formadas com o prefixo negativo «des», prefixo a que, para do poeta melhor falar, não raro tivemos também de recorrer.
Antiliterário militante (e desfazedor das artes poéticas costumeiras), mas poeta de vanguarda, não desdenha como tal piscar o olho a um Cesário Verde, ao seguir-lhe certos meios de qualificar e demonstrar, ou mesmo a outros poetas habitualmente menos influentes.
Senhor de uma técnica de comunicação escrita ímpar, a sua poesia devia, como tal, ser estudada nas escolas se as escolas por essa ferramenta se interessassem. Mas deixemos esse País Relativo, «por conhecer, por escrever, por ler...», e lembremos, ainda com Clara Rocha, que O' Neill «começa por procurar a liberdade do homem na liberdade da palavra» e que «mesmo que nem sempre se adira ao modo como o fez, a verdade é que sabe bem ler esta poesia divertida mas que incomoda, inventiva e contudo bem enraizada numa tradição literária portuguesa (mesmo se em certa hora "por pouco não nos chamaram Os Franceses") e que nos fala de um destino colectivo com o qual nos sentimos por força identificados.»
Alexandre O' Neill colaborou na década de sessenta nos suplementos literários «Vida Literária», do Diário de Lisboa e «Cultura e Arte» de O Comércio do Porto, e dirigiu com Palma-Ferreira e Carlos Ferreira a revista Critério (1975 a 1976). Tem ainda colaboração poética dispersa, entre outros, pelos seguintes jornais e revistas literárias: Litoral (1944-45), Mundo Literário (1946-48), Unicórnio (1951), Pentacórnio (1956), Europa (1957), Diálogo (1957-58), Notícias do Bloqueio (1957 a 1962), Cadernos do Meio-Dia (1958), Cronos (1965 a 1970), Silex, de cujo conselho de leitura fazia parte (1980), e Jornal dos Poetas e Trovadores (1983).
ESGOTADO NAS LIVRARIAS
BOM ESTADO - PORTES GRÁTIS
de Alexandre O' Neill
Introdução de Miguel Tamen
3ª Edição de 2002
ASSÍRIO & ALVIM
544 Páginas
OS AMANTES DE NOVEMBRO
Ruas e ruas dos amantes
Sem um quarto para o amor
Amantes são sempre extravagantes
E ao frio também faz calor
Pobres amantes escorraçados
Dum tempo sem amor nenhum
Coitados tão engalfinhados
Que sendo dois parecem um
De pé imóveis transportados
Como uma estátua erguida num
Jardim votado ao abandono
De amor juncado e de outono.
Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'
*
Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o Ensino Secundário como sugestão de leitura.
«[ ] Noutra aparentemente diversa circunstância, quanta merecida e salutar bofetada nos dá O Neill. Ir, ao contrário, buscar saúde à linguagem doente, no sarcasmo e no jogo, no sem cerimónia e no impuro; e a meio, dizer serenamente algumas verdades decisivas, algumas emblemáticas: que o medo "tudo vai ter" ou o "remorso de todos nós". Mallarmé, "a tristeza é que não há por lustro um", decerto sob o lustre - não se limitava, não se limita para nós, a reduzir o pobre mundo nosso às sobras do poema; diz-nos antes que a poesia pode e deve atravessar a realidade toda, até ao singular e insigificante, e ao impossível que lhe resiste, tipo mosca Albertina. Tornar-se livro o mundo, é tornar-se mundo o livro, e ainda, não coincidirem nunca. Com perdão das maiúsculas: dessa exigência, ética, Alexandre O Neill é exemplo, que não segue só quem o imita".»
António Franco Alexandre in A Phala, n.º 88
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Alexandre O'Neill
Nasceu a 19 de dezembro de 1924, em Lisboa, e morreu a 21 de agosto de 1986, na mesma cidade
Poeta.
De seu nome completo Alexandre Manuel Vahia de Castro O'Neill de Bulhões, frequentou a Escola Náutica e acabou seguindo a carreira de publicitário, de cuja actividade não raro contrabandeou para a poesia, com o maior à-vontade e não menor eficiência, técnicas várias onde se destaca, por exemplo, a economia do texto. E o contrário também foi verdadeiro, pois slogans há de sua autoria que, na memória do grande público, ficaram muito para além do tempo e do motivo da criação devido à arte poética que os enforma.
Em 1947, fundou, com António Pedro, Mário Cesariny de Vasconcelos, José Augusto França e alguns outros, o Grupo Surrealista de Lisboa, de que se acabará desligando, desencantado, mas não deixando nunca de ser de alguma forma refém dessa sua primeira experiência que lhe proporcionou a estreia com o poema gráfico A Ampola Milagrosa (1948).
Em 1951, já afastado daquele movimento mas a cuja experiência ainda então se refere, publica a primeira colectânea de poemas, Tempo de Fantasmas, a que se seguiriam dez outras, a última das quais no ano da sua morte, bem como dois volumes de narrativas.
O desencanto por tudo o que o rodeava, e que não raro se vestia de um humor sentimentalmente descomprometido, com traços de ironia, mais desdenhosa do que cáustica, alarga-se até àquilo mesmo que escreve. Aliás, como muito bem lembra Clara Rocha, O' Neill, que «tem realmente muito de artesanato da palavra, de artefacto, de técnica», povoa a sua mais tardia poesia de palavras formadas com o prefixo negativo «des», prefixo a que, para do poeta melhor falar, não raro tivemos também de recorrer.
Antiliterário militante (e desfazedor das artes poéticas costumeiras), mas poeta de vanguarda, não desdenha como tal piscar o olho a um Cesário Verde, ao seguir-lhe certos meios de qualificar e demonstrar, ou mesmo a outros poetas habitualmente menos influentes.
Senhor de uma técnica de comunicação escrita ímpar, a sua poesia devia, como tal, ser estudada nas escolas se as escolas por essa ferramenta se interessassem. Mas deixemos esse País Relativo, «por conhecer, por escrever, por ler...», e lembremos, ainda com Clara Rocha, que O' Neill «começa por procurar a liberdade do homem na liberdade da palavra» e que «mesmo que nem sempre se adira ao modo como o fez, a verdade é que sabe bem ler esta poesia divertida mas que incomoda, inventiva e contudo bem enraizada numa tradição literária portuguesa (mesmo se em certa hora "por pouco não nos chamaram Os Franceses") e que nos fala de um destino colectivo com o qual nos sentimos por força identificados.»
Alexandre O' Neill colaborou na década de sessenta nos suplementos literários «Vida Literária», do Diário de Lisboa e «Cultura e Arte» de O Comércio do Porto, e dirigiu com Palma-Ferreira e Carlos Ferreira a revista Critério (1975 a 1976). Tem ainda colaboração poética dispersa, entre outros, pelos seguintes jornais e revistas literárias: Litoral (1944-45), Mundo Literário (1946-48), Unicórnio (1951), Pentacórnio (1956), Europa (1957), Diálogo (1957-58), Notícias do Bloqueio (1957 a 1962), Cadernos do Meio-Dia (1958), Cronos (1965 a 1970), Silex, de cujo conselho de leitura fazia parte (1980), e Jornal dos Poetas e Trovadores (1983).
ESGOTADO NAS LIVRARIAS
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Publicado 13 de abril de 2025
"POESIAS COMPLETAS" de Alexandre O' Neill - 3ª Edição de 2002
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